segunda-feira, 16 de maio de 2016

Miniaturista - Jessie Burton




Há séculos não posto uma resenha aqui, embora tenha várias no rascunho, mas cade coragem? A hora que tenho um tempinho livre só o que eu quero é descansar e ficar longe do computador e internet, já que trabalho com isso a semana toda... Mas hoje organizando umas coisas aqui eu resolvi postar pra vocês a resenha de um livro que me inquietou um bocado: Miniaturista de Jessie Burton, pela Editora Intrínseca.




ISBN: 9788580578164
Autora: Jessie Burton
Editora: Intrínseca
Ano: 2015
Páginas: 352


Sinopse

No outono muito frio de 1686, Nella Oortman, de 18 anos, chega em Amsterdã para começar uma nova vida como esposa do ilustre comerciante Johannes Brandt. Mas sua nova casa apesar de esplendorosa, não é acolhedora. Johannes é gentil, porém distante; sempre trancado em seu escritório ou no depósito onde guarda seus produtos, deixa Nella sozinha com a irmã dele, a maliciosa e ameaçadora Marin. A jovem não consegue se aproximar do marido e parece que o casamento nunca será consumado.

Mas o mundo de Nella muda quando Johannes lhe dá um extraordinário presente de casamento: uma réplica da casa deles em miniatura. A maquete é exatamente como a casa em que moram, com os mesmos quadros, tapeçarias e objetos de arte. Para mobiliar a casinha, Nella contrata os serviços de um miniaturista — um artista furtivo e enigmático, cujas criações são cópias perfeitas dos móveis e objetos da casa. O artesão envia a Nella itens finamente talhados, alguns que nem sequer foram requisitados, e bonecos que repetem e algumas vezes predizem os acontecimentos da cada vez mais estranha vida de Nella na casa.

O presente de Johannes ajuda a esposa a compreender o mundo da família Brandt, mas, à medida que ela descobre seus segredos, começa a temer os perigos crescentes que os cercam. Nessa sociedade religiosa e repressiva, em que o ouro só é menos venerado que Deus, ser diferente é uma ameaça à moral e nem mesmo um homem como Johannes está livre. Apenas uma pessoa parece capaz de enxergar o futuro que os aguarda. Seria o miniaturista a senha para a salvação ou o arquiteto da destruição?
Encantador, belo e repleto de mistérios, Miniaturista é uma magnífica história de amor e obsessão, traição e vingança, aparência e verdade.


Preciso começar confessando que sim, sou dessas que compra o livro pela capa, podem me julgar... rsrsrsrsr. Quando vi na livraria me apaixonei pela capa, pelos detalhes, pela qualidade do papel e capricho na diagramação. Li a sinopse e me interessei de imediato, é um livro de época, um romance histórico com toques de suspense. 

"Tudo, e ainda assim nada."

Jessie Burton nos traz uma história de amor, traição, preconceito e muitos segredos, que se passa na antiga Amsterdã do século XVII, sustentada e construída sob a riqueza da Companhia Holandesa das Índias Orientais. A atmosfera do romance é de sensualidade, e à medida que o livro avança, nos traz também cenas chocantes e inesperadas. Amsterdã é dominada por ideais nacionalistas, rígidos dogmas religiosos em uma sociedade em que o dinheiro pode comprar tudo... Silêncio, amor, almas.

"Somos a esperança de uma tapeçaria; ninguém a tecerá a não ser nós próprios."

As mulheres vivem suas vidas submissas e reféns do medo e do silêncio, o contexto é de uma mentalidade puritana, racista, e castradora dos sentimentos humanos. Um mundo onde os homens eram os únicos criadores e o sexo, normalmente era apenas dor. Apesar disso, em várias passagens há mensagens de esperança em dias melhores. A história começa quando Nella se muda para Amsterdã, partindo de uma pequena cidade do interior, e se encanta com a opulência da cidade, para logo ser confrontada com a indiferença de Marin, sua cunhada, que é quem governa a casa; e até mesmo da criada, Cornelia, que a trata com frieza. Nella é jovem, inexperiente, e ainda iludida por uma imagem idealizada de como será um casamento. O marido mercador tem outros interesses e compromissos, sendo bastante omisso, apesar de tratá-la sempre bem nos raros momentos em que se encontram.


“A precisão do armário é assustadora, como se a casa de verdade tivesse sido encolhida, sua estrutura cortada ao meio e seus órgãos expostos...” 

Além da cunhada, também moram na casa os criados, Cornelia e Otto, comandados pelo pulso firme de Marin. Nella se sente sozinha, deslocada, sem conseguir assumir sua posição de esposa. Johannes para tentar se redimir e mantê-la distraída, presenteia Nella com um luxuoso armário que é na verdade uma casa de bonecas. Mas não é apenas uma simples casa de bonecas, e sim, uma miniatura perfeita da sua casa, só que sem mobília. Então ela começa a perceber que a casa em miniatura parece mostrar o que se passa em sua própria vida.



 "Não sou nem ao menos operária do destino, que dirá arquiteta."

A história realmente começa a desenrolar quando Nella vai em busca do miniaturista para mobiliar os cômodos da casa. É um livro cheio de surpresas com personagens que são muito além do que parecem ser e que tem uma carga dramática densa. É interessante acompanhar o amadurecimento e mudança de postura de Nella, e entender  as críticas à sociedade da época, à situação de submissão feminina e opressão sexual, aos valores sociais burgueses, à hipocrisia religiosa e moral que permeava todas as classes sociais. A obra destaca a forma como a religião guiava as decisões e mascarava a verdadeira índole de muitas pessoas.


 “Há uma história ali, e parece ser de Nella, mas não é ela contando..." 

O livro envolve, caminhamos junto com Nella para descobrir a verdade sobre tudo que a rodeia, impossível não torcer por ela, não se emocionar e surpreender com o rumo dos acontecimentos. O livro surpreende até o final.


"A pena, diferentemente do ódio, pode ser encaixotada e esquecida."

Apesar de ter gostado muito do livro, achei que o final poderia ter sido melhor alinhavado, várias questões ficaram  sem resposta e o destino de várias personagens não fica claro... Senti como se algo estivesse faltando, uma narrativa rica mas com um final de certa forma vazio, aberto demais. É uma boa leitura? Sim, porém ela é densa, com um toque de suspense e pouca ação, e com muitos detalhes... Ainda assim eu indico, por ser um excelente romance histórico, escrita impecável, cenário e fotografia incríveis. 

"O tempo é uma vela teimosa." 


Estou com mais algumas resenhas e resumos aqui guardados que acho que vale à pena postar, o tempo anda curto mas em breve eu coloco aqui pra vocês.

Beijos e boa semana ♥



3 comentários:

Neli Rodrigues disse...

Desconhecia este seu lado voltado pra literatura.
Uma mulher de várias faces.
Adorei sua resenha. Difícil encontrar um livro ambientado em Amsterdã.
Bjs

Ione disse...

Boa noite, Tays,


bem interessante o livro. Vou procurar em sites de baixar livros pra ler.
Não compramos mais livros aqui em casa, por enquanto só ganho (meu filho sempre me presenteia com livros. Eu adooro)
Gosto muito de romances históricos sobretudo ligados a arte.
Admiro muito vocês (você, Margaret, Lia Agio, Verônica etc) que dão conta de fazer o tempo render e produzir trezentas coisas e maravilhosas.


Cheiros,


Ione

Ceu disse...

Oi Tays...o livro parece ser bem interessante! É chato quando o final, nos deixa sem saber o final de todos os personagens.
Bjinhos